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Crónica potiguar

Crónica potiguar

Postal ilustrado

Maio 15, 2019

José

Hoje é o post para cá e o post para lá, mais banalizado que a troca de camisa, mas não necessariamente tão emblemático quanto o tradicional postal ilustrado. Cheguei a juntar alguns, depois desisti de colecionar. Mas com a menor proliferação de máquinas fotográficas, mas também do simples acto de viajar, que poderia ser uma excursão, muitas vezes por razões religiosas, o postal era um pedaço daquela lugar, que se poderia guardar ou enviar a alguém amigo ou familiar. Pode parecer estranho, mas o conteúdo era exposto, pelo menos o carteiro poderia ler. Mais tarde começou a enviar-se dentro de um envelope. Antes seguia com palavras de saudade e carinho e corria ou país, podendo correr mundo. Eu fazia parte da geração que escrevia cartas a pessoas que nunca conheci. Sim, não são apenas as aplicações actuais a promoveram interacção, isso tem alguns anos. A finalidade é que não era necessariamente a mesma, geralmente era o prazer de comunicar e se conhecer outras pessoas e culturas. Nesse contexto também se enviavam postas, até da nossa terra para se dar a conhecer. Mas qualquer viagem poderia ser motivo para enviar postais, quem tinha oportunidade de viajar de férias enviava para a família.

Igualmente em jeito de postal deixo uma imagem do Forte dos Reis Magos, herança portuguesa na cidade de Natal, dizem que se encontra em obras, era bem necessárias, pois qualquer dia a cidade não guarda nehum do seu património.

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O novo riquismo de Berardo

Maio 15, 2019

José

Aqui na nossa escrita não deixamos de estar influenciados pela agenda do momento, o que no meu caso parece um coração dividido entre Portugal e o Brasil, se bem que evito acompanhar as notícias brasileiras pela comunicação social, excepto jornais online, sobretudo estaduais para acompanhamento dos temas. Como não vejo televisão e de momento também não escuto rádio com notícias, também de Portugal vem pouco por essa via. Não deixo por isso de estar informado, existem vários formatos. Sempre acompanhei vários canais de informação, em alguns momentos mais rádio, outros mais TV, outros jornais e por aí fora. Tudo isto para dizer que acompanhei igualmente o desplante daquele que deveria ser ex-comendador Joe Berardo. Quanto ao posicionamento sobre a dívida à Caixa Geral de Depósitos (dinheiro nosso) e ao trato com que se dirigiu aos senhores deputados e sobretudo ao país só vejo uma declaração a fazer - o senhor não passa de um cretino asqueroso que se ri de ter tramado o povo e mesmo assim continua a viver à grande pois sabe que os poderosos sempre se safam em Portugal. Tratou os senhores deputados pelo nome da mãe, mas a maioria só reagiu quando na opinião pública o tom e o conteúdo foi fortemente criticado. Esta conivência tácita entre a política e a economia não ajuda o desenvolvimento do país e gera desconfiança relativamente às instituições públicas. No caso de Berardo junta a tudo isso a figura do novo rico bonacheirão sem se elevar a tal condição. Não tenho nada contra o percurso do senhor, trabalhou fez fortuna. A questão não é essa mas de uma postura de superioridade que o transforma numa espécie de coronel, não do Nordeste mas da Madeira, com o devido respeito pelos madeirenses. Ontem um dos candidatos às eleições europeias sugeria que fossem retiradas as comendas. É algo que tenho dito e acho mesmo incompreensível que perante o desenvolvimento da situação o senhor Presidente da República não o tenha feito. Não foi caso único, vários políticos em fase de julgamento, na verdade já condenados publicamente, possuem comendas, mas a bem da razão e da justiça espera-se que a decisão transite em julgado para retirar as comendas. O princípio não deveria ser esse, mas o de existirem razões sólidas que não dignifiquem a comenda recebida. Entendo que seja díficil atacar Berardo com Ricardo Espírito Santo na calha. A teia é grande e a conivência por vezes é por não fazer.

Maldita política

Maio 15, 2019

José

É impressionante como no Brasil a política invade o espaço das relações para criar divisões por entre familiares e amigos. Podemos chamar-lhe de falta de cultura política e/ou cívica ou o que se quiser, o que é certo é que não leva ao debate construtivo, apenas a disputas irresoluveis seja qual for o partido no poder. Como agravante e também como reflexo, é um sistema patrimonial e clientelar. O mesmo é dizer que vive à sombra de uma figura suprema e os seus apoiantes procuram daí tirar vantagem, geralmente através de um cargo comissionado, que pode incluir o exercício do poder. A figura dos velhos coronéis que gere a sua fazenda e domina o poder local/regional é uma referência constante e observada em todas as escalas. Em redor dele os cães de fila, os capitães do mato, capangas ou os seus fiéis seguidores que fazem tudo o que é pedido e podem até exagerar. Na preparação da manifestação nacional a favor das Universidades a realizar amanhã observamos um pouco dessa tendência de ambos os lados. Primeiro a total indisponibilidade para aceitar a opinião do outro e a vontade do outro em não dialogar. Depois o que parece ser manobra desses cães de fila na criação de uma possível situação de conflito que retire credibilidade à Universidade. Buscar a violência não resolve nada. Argumentar que os cortes também afectam a prestação de cuidados de saúde é um argumento válido mas oportunista, de salvaguarda de classe. A Universidade deve estar acima de qualquer partido como um bem comum a cuidar. Se tem algo a necessitar de ser corrigido que se faça avaliação e defininam medidas. As visões sectaristas servem o dono do barco, mas os passageiros de segunda classe são os primeiros a sofrer o impacto. Não entendo igualmente o motivo do descrédito da Universidade por algumas pessoas. Revela as suas frustrações? Mostra caminhos alternativos que não agradam? Seja o que for mostra sobretudo desconhecimento. A Universidade tem os seus problemas, mas sem ela o país não progrede em nenhuma das áreas. Seja na componente técnica, seja de conhecimento e reflexividade, assim como a questão económica e logística que a sua mera presença suscita. Se não se entender tudo isso e não se entender que qualquer família tem aspiração a dar aos seus descendentes o melhor, e que é na Universidade que começa esse percurso, não se tem projecto pessoal nem para o país. 

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